quarta-feira, 22 de junho de 2005

Ponto final, parágrafo...


.fim do dia.suor na nuca.interregno para viajar.através de um leve reluzido de sossego e silêncio...
não vivo sem o meu presente, sem o levantar pela manhã, sem o stress de correr para o emprego,
mas também não sei estar sem o meu passado, dá-me um sentido de orientação donde me encontro, do que sou, daquilo que me preenche e acalenta os dias
Sei que ando muito pelo passeio, mas..quando a maré sobe e a lua é nova, também sigo os atalhos do que me aparece, aqueles que já conheço e em que me sinto segura...aqueles que são turvos e desconhecidos...
Não encontro becos sem saída, só saídas, algumas sem respostas.
Quero trilhar o meu risco no chão...


Páro, assim. satisfeita de mim.
estou bem .

segunda-feira, 20 de junho de 2005

meias palavras

Há algo naquilo que dizes
nas meias palavras de um suspiro
no calar de um sorriso
há algo no silêncio da inspiração de ar

Qualquer coisa que se diga sem pensar,
é apenas uma intuição
que se diz sem falar
um risco de olhar
um soslaio de intenção
de nada querer e de tudo abraçar:

O hoje, o agora, o ontem...

Uma argila modelada pelo tempo e espaço confundido
por todas as poeiras no interím do ocaso...

...e por isso que eu faço
a apologia de um viver
para querer
o que tenho direito
a sonhar, a sentir, a querer

mais do que simplesmente
mas sim...absolutamente

sábado, 18 de junho de 2005

GREVE

MUNDO:
afirmo que hoje estou de greve!

quinta-feira, 16 de junho de 2005

não posso adiar

"(...)

Não, não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

(...)

Não posso adiar
ainda que a noite pese
séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore,
não posso adiar
para outro século
minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração"
A. Ramos Rosa

quarta-feira, 8 de junho de 2005

qualquer dia, voltas para o ovo...


qualquer dia, nasces do ovo e começas a devorar todas as
folhas verdes à tua volta,
da mesma maneira solitária que os teu pais fizeram antes
não comendo qualquer folha, mas apenas aquela específica qualidade da árvore
amoreira.

ficas gordinho, macio e crescem-te patinhas felpudas e preguiçosas...

E um dia, num daqueles lentos e quentes dias de verão, começas a cuspir o teu
cintilante e sedoso fio de tear, com o qual dás voltas sobre ti mesmo, enrolando, enrolando, até ficares demasiado ensonado e ...puff...adormeces dentro do quente e amarelo

casulo.

A tua vida como que para.

parece, pelo menos, para quem te olha de fora,
qye estás morto,
ou talvez,
a sonhar! Sim, ficas que tempos a sonhar!!

Com o que sonhas tu, bichinho?
Ora, ora, com aquilo que todos os bichos sonham: com a chuva fresca, com os radiosos fios de sol, com as frescas e suculentas
folhinhas de amoreira!

E no instante de um qualquer dia,
sais espampanante e efémera borboleta - tendo como única função ovular para
depois
como que numa missão cumprida
morrer.

Sem funeral, sem lamentos,
naturalmente.

...e qualquer dia, voltas para o ovo...