domingo, 13 de novembro de 2005

circunstâncias


Estava a ouvir-te falar tão atentamente que nem reparei que estava sozinha.

Engoliste o café e saiste pela avenida fora, jornal debaixo do braço e planos para serem escritos no momento.

Esta cidade engole-me a cada passo que dou, como se soubesse que não pertenço aqui.

Vim aqui para te ouvir, para saber de ti e só me olhas como se visses uma estranha.

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Enfim...

Não tenho que te provar nada...
Poderia injustificar os meus actos como simplesmente uma vontade irredutível de mim,
Tremendamente egoísta e egocêntrica.
Até podia mandar todos à fava e dizer "What tha Hell"...

...Mas (quase) não o foi...
Não queria que acontecesse...
E por isso peço-te desculpa, mesmo sem saberes, mesmo sabendo eu que não tenho que o fazer,
Mas preciso...
Do teu perdão e do meu.

Fez-me mal... Sinto-me oca...
Doentia...Triste.

Fez-me reviver o que pensei já ter enterrado e mesmo estando enterrado...
Desiludi-me comigo.

Dá-me um sorriso terno e um abraço quente e brando,
não me julgues, nem com o olhar...

Grilos e Pirilampos

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Ponto final, parágrafo...


.fim do dia.suor na nuca.interregno para viajar.através de um leve reluzido de sossego e silêncio...
não vivo sem o meu presente, sem o levantar pela manhã, sem o stress de correr para o emprego,
mas também não sei estar sem o meu passado, dá-me um sentido de orientação donde me encontro, do que sou, daquilo que me preenche e acalenta os dias
Sei que ando muito pelo passeio, mas..quando a maré sobe e a lua é nova, também sigo os atalhos do que me aparece, aqueles que já conheço e em que me sinto segura...aqueles que são turvos e desconhecidos...
Não encontro becos sem saída, só saídas, algumas sem respostas.
Quero trilhar o meu risco no chão...


Páro, assim. satisfeita de mim.
estou bem .

segunda-feira, 20 de junho de 2005

meias palavras

Há algo naquilo que dizes
nas meias palavras de um suspiro
no calar de um sorriso
há algo no silêncio da inspiração de ar

Qualquer coisa que se diga sem pensar,
é apenas uma intuição
que se diz sem falar
um risco de olhar
um soslaio de intenção
de nada querer e de tudo abraçar:

O hoje, o agora, o ontem...

Uma argila modelada pelo tempo e espaço confundido
por todas as poeiras no interím do ocaso...

...e por isso que eu faço
a apologia de um viver
para querer
o que tenho direito
a sonhar, a sentir, a querer

mais do que simplesmente
mas sim...absolutamente

sábado, 18 de junho de 2005

GREVE

MUNDO:
afirmo que hoje estou de greve!

quinta-feira, 16 de junho de 2005

não posso adiar

"(...)

Não, não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

(...)

Não posso adiar
ainda que a noite pese
séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore,
não posso adiar
para outro século
minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração"
A. Ramos Rosa

quarta-feira, 8 de junho de 2005

qualquer dia, voltas para o ovo...


qualquer dia, nasces do ovo e começas a devorar todas as
folhas verdes à tua volta,
da mesma maneira solitária que os teu pais fizeram antes
não comendo qualquer folha, mas apenas aquela específica qualidade da árvore
amoreira.

ficas gordinho, macio e crescem-te patinhas felpudas e preguiçosas...

E um dia, num daqueles lentos e quentes dias de verão, começas a cuspir o teu
cintilante e sedoso fio de tear, com o qual dás voltas sobre ti mesmo, enrolando, enrolando, até ficares demasiado ensonado e ...puff...adormeces dentro do quente e amarelo

casulo.

A tua vida como que para.

parece, pelo menos, para quem te olha de fora,
qye estás morto,
ou talvez,
a sonhar! Sim, ficas que tempos a sonhar!!

Com o que sonhas tu, bichinho?
Ora, ora, com aquilo que todos os bichos sonham: com a chuva fresca, com os radiosos fios de sol, com as frescas e suculentas
folhinhas de amoreira!

E no instante de um qualquer dia,
sais espampanante e efémera borboleta - tendo como única função ovular para
depois
como que numa missão cumprida
morrer.

Sem funeral, sem lamentos,
naturalmente.

...e qualquer dia, voltas para o ovo...

quarta-feira, 25 de maio de 2005

coisas de uma mulher

Uma lingua tão diferente, ela falava. E eu nunca tinha ouvido nada assim. Adorei o cheiro do café a fumegar e os leves traços de idade na sua face. Escrevia alguns rascunhos num bloco de notas e fumava a cigarrette.

Senti uma emoção especial quando a ouvi dizer que se ia embora daqui, que estava farta, que fez algumas malas e que em breve ia partir, para longe, para "nowhere fast"...

E que já não quer nada com gatinhos, apenas "com gatões..."

Que tudo está mal e que tudo está bem assim...



...Arrependi-me de não lhe ter perguntado mais sobre a vida, o tempo, os sonhos...os homens.

Vi-a de longe, noutro dia. Ela passava erecta e só.

....

quando for grande


Quero sorrir aos rostos pálidos e anémicos e sair pela janela.

Voar paralelamente ao transito que se amontoa na estrada.Quero

sair do circulo daquilo que não quero fazer e só fazer o que eu quiser...

Cair de costas sem medo de me magoar...na pele e no coração. Olhar
para dentro de ti e ver.

Estar nua e gostar de me ver assim,

...saltitar pela relva molhada.

Aprender e ensinar a saltar os muros da escola.

...parar quando me dizes "tenho medo!"

E quando me apetecer crescer, quero voltar a ser pequena.






" - Ensinas-me a ser grande?"

"- Ensinas-me a ser pequena?"